21 novembro, 2009

Algarve

O Algarve constitui uma das regiões turísticas mais importantes de Portugal e da Europa. O seu clima temperado mediterrânico, caracterizado por Invernos amenos e curtos e Verões longos, quentes e secos, as águas tépidas e calmas que banham a sua costa sul, as suas paisagens naturais, o património histórico e etnográfico ou a sua deliciosa e saudável gastronomia são atributos que atraem milhões de turistas nacionais e estrangeiros todos os anos e que fazem do Algarve uma das províncias mais ricas e desenvolvidas do país.


Durante séculos, foi ponto de passagem para vários povos, incluindo os Tartessos, Fenícios, Gregos e Cartagineses. Fez parte do vasto Império Romano, ostentando cidades relevantes como Balsa e Ossónoba, e durante cerca de cinco século esteve sob o domínio dos povos islâmicos, atingindo um elevado esplendor cultural e económico. Terminada a conquista da região durante o reinado de D. Afonso III, o antigo Al-Gharb mourisco foi incluído no reino cristão mais ocidental da Penísula Ibérica, entrando numa certa decadência que seria interrompida já no século XV pela odisseia da exploração da costa africana e da conquista das praças marroquinas, sob o comando do Infante D. Henrique. Com o fim da presença lusitana nas praças africanas, a região entrou novamente numa certa decadência, acentuada pela destruição imposta pelo terramoto de 1 de Novembro de 1755. Posteriormente, o Algarve iniciou o século XX como uma região rural, periférica, com uma economia baseada na cultura de frutos secos, na pesca e na indústria conserveira. Contudo, a partir dos anos 60, dá-se a explosão da indústria do turismo, mudando assim por completo a sua estrutura social e económica.

Desde os alvores do reino, constituiu uma região bem delimitada e individualizada, não só em termos geográficos mas também do ponto de vista identitário, com características históricas, climáticas, etnográficas, arquitéctónicas, gastronómicas e económicas muito próprias.

Actualmente, o turismo constitui o motor económico do Algarve. A antiga província tradicional possui algumas das melhores praias do Sul da Europa, e condições excepcionais para a prática de actividades e desportos ao ar livre.

Sendo a região mais a sul de Portugal Continental, ocupa uma área de 4996 km² e nela residem 426 386 habitantes (INE 2007).


Da região fazem parte 16 municípios:


Albufeira
Alcoutim
Aljezur
Castro Marim
Faro
Lagoa
Lagos
Loulé
Monchique
Olhão
Portimão
São Brás de Alportel
Silves
Tavira
Vila do Bispo
Vila Real de Santo António



História

O termo "Algarve" provém de "al-Gharb al-Ândalus" nome dado ao actual Algarve e baixo Alentejo durante o domínio muçulmano, significando "Andaluz Ocidental", pois era a parte ocidental da Andaluzia muçulmana.



As regiões espanholas e portuguesas outrora conhecidas por al-gharb al-Andalus (em árabe: الغرب الأندلس) eram o mais importante centro muçulmano da época da "Hispânia Islâmica", sendo assim o centro islâmico da cultura, ciência e tecnologia. Nessa altura, a principal cidade da região era Silves, que, quando foi conquistada pelo rei D. Sancho I, dizia-se ser cerca de 10 vezes maior e mais fortificada que Lisboa. O Algarve foi a última porção de território de Portugal a ser definitivamente conquistado aos mouros, no reinado de D. Afonso III, no ano de 1249.

Segundo alguns documentos históricos, a conquista definitiva do Algarve aos mouros neste reinado, nomeadamente a tomada da cidade de Faro, foi feita de forma relativamente pacífica. No entanto, apenas em 1267 - no tratado de Badajoz - foi reconhecida a posse do Algarve como sendo território português, devido a pretensões do Reino de Castela. Curiosamente, o nome oficial do reino resultante seria frequentemente designado de Reino de Portugal e do Algarve, mas nunca foram constituídos dois reinos separados. A zona ocidental do Algarve é designada por Barlavento e a oriental por Sotavento. A designação deve-se com certeza ao vento predominante na costa sul do Algarve, sendo a origem histórica desta divisão incerta e bastante remota. Na Antiguidade os Romanos consideravam no sudoeste da península Ibérica a região do Cabo Cúneo - que ia desde Mértola por Vila Real de Santo António até à enseada de Armação de Pêra - e a região do Promontório Sacro - que abrangia o restante do Algarve.

O primeiro-ministro do rei D. José I, o Marquês de Pombal tentou efectuar uma divisão, nunca reconhecida pelo Papado Romano, da diocese de Faro em dois bispados: Faro e Vila Nova de Portimão. O limite entre eles era a ribeira de Quarteira e o seu prolongamento em linha recta até ao Alentejo.



Geografia



O Algarve confina a norte com a região do Alentejo (sub-regiões do Alentejo Litoral e Baixo Alentejo), a sul e oeste com o Oceano Atlântico, e a leste o Rio Guadiana marca a fronteira com Espanha. O ponto mais alto situa-se na Serra de Monchique, com uma altitude máxima de 902m (Pico da Fóia).

Além de Faro, têm também categoria de cidade os aglomerados populacionais de Albufeira, Lagoa, Lagos, Loulé, Olhão, Portimão, Quarteira, Silves, Tavira e Vila Real de Santo António. Destas, todas são sede de concelho à excepção de Quarteira.

Internamente, a região é sub-dividida em duas zonas, uma a leste (o Barlavento) e outra a oeste (o Sotavento). Com esta divisão podemos registar um claro efeito de espelho entre as duas zonas. Cada uma destas zonas tem 8 municípios e uma cidade dita principal: Faro está para o Sotavento como Portimão está para o Barlavento. De igual modo possui cada uma delas uma serra importante (a Fóia, no Barlavento, e o Caldeirão, no Sotavento). Rios com semelhante importância (o Arade no Barlavento e o Guadiana no Sotavento). Um hospital principal em cada uma das zonas garante os cuidados de saúde em todo o Algarve. Em termos de infraestrutudas, o Aeroporto Internacional está numa zona e o Autódromo Internacional noutra. Finalmente, desportivamente, a disputar a segunda liga de futebol, o "pseudo-concurso" entre históricos do futebol algarvio, na tentativa de saber qual o primeiro a ascender ao escalão principal, se o Portimonense - representante do Barlavento - ou se o Olhanense - pelo lado sotaventista.


Locais com relevância

Serra de Monchique
A Serra de Monchique localiza-se na zona oeste do Algarve, tendo a Fóia 902m de altitude - o ponto mais alto do Algarve e um dois pontos mais proeminentes de Portugal. Devido ao facto de estar próxima do mar possui um clima sub-tropical húmido, com precipitações médias anuais entres os 1000 e os 2000 mm, que associadas a temperaturas amenas permite a existência de uma vegetação rica e variada, onde se inclui o raríssimo carvalho-de-monchique e a bela adelfeira, bem como espécies raras no sul, tais como o castanheiro, o carvalho-cerquinho ou o carvalho-roble.
Esta serra possui um importante complexo termal denominado de Caldas de Monchique, rodeado por um parque de vegetação variada onde existe a maior magnólia da Europa. É ainda de salientar a fertilidade dos seus solos, devido não só à humidade, mas também ao facto da sua rocha, a foíte, ser de origem magmática. Vários ribeiros e ribeiras têm origem na Serra de Monchique, entre as quais a Ribeira de Seixe, a Ribeira de Aljezur (ou da Cerca), a Ribeira de Odiáxere, a Ribeira de Monchique e a Ribeira de Boina. É um local riquíssimo em ecossistemas naturais, que motiva a presença de turistas no interior, provando que nem só de praias é feito o Algarve.


Serra do Caldeirão
A Serra do Caldeirão faz a fronteira entre o litoral e barrocal algarvios e as planícies do Baixo Alentejo. Faz parte do maciço antigo, sendo constituída por xisto-grauvaque, rocha que origina solos finos e pouco fertéis. O seu ponto mais alto localiza-se no Baixo Alentejo, próximo da fronteira com o Algarve, onde atinge os 580 m de altitude; nos concelhos de Tavira e de Loulé possui diversos pontos em que ultrapassa os 500 m. A serra do Caldeirão, apesar da sua modesta altitude, forma uma paisagem muito peculiar, onde elevações arrendondas, os cerros, são cortadas por uma densa rede hidrográfica que na sua maior parte é constituída por cursos de água temporários, o relevo é por este motivo muito acidentado em diversos pontos. A influência climática da Serra do Caldeirão é muito grande.
Constitui uma barreira física à passagem dos ventos frios do quadrante Norte e às depressões de Noroeste, contribuindo para a existência de um clima mediterrânico no litoral algarvio, com fracas precipitações anuais e temperaturas suaves no Inverno.
Esta Serra constitui ainda uma barreira de condensação para os ventos húmidos do quadrante Sul. As precipitações médias anuais variam; nas zonas mais altas dos concelhos de Loulé são superiores aos 800 mm anuais, mas à medida que nos aproximamos da fronteira estas vão descendo, até serem inferiores a 500 mm anuais nas regiões do Nordeste algarvio. Registou-se a queda de neve no ano de 2006, por ocasião duma frente fria que atingiu a península Ibérica.


Rio Guadiana
O Rio Guadiana é a fronteira natural entre o Algarve e a Andaluzia e portanto Portugal de Espanha. O rio nasce a uma altitude de cerca de 1700m, nas lagoas de Ruidera, na província espanhola de Ciudad Real, tendo uma extensão total de 829 km.
A bacia hidrográfica tem uma área de 68.200 km², situada, em grande parte, em Espanha (cerca de 55.000 km²).
Este rio é navegável até à cidade Alentejana de Mértola, constituindo um atractivo turístico relevante.
A foz do Rio Guadiana é na cidade de Vila Real de Santo António (ocidente) e a cidade de Ayamonte (oriente)



Rio Arade
O Rio Arade é um rio de Portugal que nasce na Serra do Caldeirão e passa por Silves, Portimão e Lagoa indo desaguar no Oceano Atlântico, em Portimão, imediatamente a leste da Praia da Rocha. No tempo dos descobrimentos portugueses era navegável até Silves, onde existia um importante porto. Hoje, devido ao enorme assoreamento, apenas pequenos barcos aí podem chegar.
Um dos factores que teve forte impacto no desenvolvimento da cidade de Silves (primeira capital do Algarve) no período de domínio árabe foi, sem dúvida, a sua proximidade ao rio Arade, então navegável até às suas muralhas.
Actualmente o Rio Arade é foco de muito interesse turístico partindo do porto de Portimão mini cruzeiros para Silves, um cruzeiro que faz o percurso até Vila Real de Santo António por toda a costa algarvia e ainda de um ferry que faz a ligação ao Funchal na Madeira.


Ria Formosa
A Ria Formosa é um sapal situado na província do Algarve em Portugal, que se estende pelos concelhos de Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António, abrangendo uma área de cerca de 18.400 hectares ao longo de 60 quilómetros desde o rio Ancão até à praia da Manta Rota. Trata-se de uma área protegida pelo estatuto de Parque Natural, atribuído pelo Decreto-lei 373/87 de 9 de Dezembro de 1987. Anteriormente, a Ria Formosa tinha estatuto de Reserva Natural, instituído em 1978.
A sul é protegida do Oceano Atlântico por um cordão dunar quase paralelo à orla continental, formado por duas penínsulas (a de Faro, que engloba a praia do Ancão e a praia de Faro; e a de Cacela, que engloba a praia da Manta Rota) e cinco ilhas barreira arenosas (Ilha da Barreta, Ilha da Culatra, Ilha da Armona, Ilha de Tavira e Ilha de Cabanas), que servem de protecção a uma vasta área de sapal, canais e ilhotes.
A norte, em toda a extensão, o fim da laguna não tem uma delimitação precisa, uma vez que é recortada por salinas, pequenas praias arenosas, por terra firme, agricultável e por linhas de água doce que nela desaguam (Ribeira de São Lourenço, Rio Seco, Ribeira de Marim, Ribeira de Mosqueiros e o Rio Gilão).
Tem a sua largura máxima junto à cidade de Faro (cerca de 6 km) e variações que nos seus extremos, a Oeste e a Este, atingem algumas centenas de metros.
A sua fisionomia é bastante diversificada devido aos canais formados sob a influência das correntes de maré, formando assim, uma rede hidrográfica densa.
É uma zona húmida de importância internacional como habitat de aves aquáticas. A zona é objecto de monitorização permanente, sendo ainda local de estudo para muitos alunos da Universidade do Algarve.


Clima
Um dos principais traços distintivos da região algarvia constitui o seu clima. As condições climáticas que o senso-comum atribui geralmente ao clima algarvio podem ser encontradas em todo o seu esplendor no barrocal e no litoral sul, especialmente no região central e no sotavento algarvio.
Um conjunto de características base resumem o clima da região, em especial do barrocal e do litoral sul: verões longos e quentes, invernos amenos e curtos, precipitação concentrada no Outono e no Inverno, reduzido número anual de dias com precipitação e elevado número de horas de sol por ano.
A temperatura média anual do litoral do sotavento e da região central do Algarve é mais elevada de Portugal Continental e uma das mais elevadas da Península Ibérica, rondando os 18ºC, atendendo às normais climatológicas 1961/90.
A precipitação encontra-se essencialmente concentrada entre Outubro e Fevereiro, e assume com frequência um carácter torrencial. As médias anuais são inferiores a 600 mm em grande parte do litoral e no vale do Guadiana, e superam os 800 mm na serra do Caldeirão e os 1000 mm na serra de Monchique. Na região litoral existem 5 meses secos, e entre Junho e Setembro a queda de precipitação é muito pouco frequente.
O clima do Algarve, segundo a classificação de Koppen, divide-se em duas regiões: uma de clima temperado com Inverno chuvoso e Verão seco e quente (Csa) e outra de clima temperado com Inverno chuvoso e Verão seco e pouco quente (Csb). Com excepção da Costa Vicentina e das serras de Monchique e de Espinhaço Câo, toda a região algarvia possui um clima temperado mediterrânico do tipo Csa.
No litoral do sotavento algarvio as noites tropicais (noites com temperatura mínima igual ou superior a 20ºC) são frequentes durante o período estival. De facto, a temperatura mínima mais alta de sempre registada em Portugal pertence à estação meteorológica de Faro: 32,2ºC, a 26 de Julho de 2004.
A queda de neve na região algarvia é muito rara e é mais susceptível de ocorrer na Fóia. A última vez que ocorreu queda de neve no litoral algarvio foi em Fevereiro de 1954. Na madrugada de 1 de Fevereiro de 2006 nevou na Serra do Caldeirão, e na manhã de 10 de Janeiro de 2009 nevou na Serra de Monchique.


Primavera
A Primavera algarvia é uma estação inconstante: alguns anos é fugaz, curta, noutros mais longa, roubando espaço ao Estio ou ao Inverno; por vezes chuvosa e fresca, ou então quente e seca, ou ainda solarenga, mas ventosa...
Em Março e Abril as temperaturas sobem lentamente, transitando para os valores estivais; durante o dia estas oscilam entre os 9/12ºC e os 19/22ºC. Em ambas os meses a precipição média ronda os 40 mm, num total para ambos os meses de cerca de 20 dias com precipitação igual ou superior a 0,1 mm.


Verão
Uma das características climáticas de referência da região algarvia é a existência de Verões longos, quentes e secos. A partir de meados de Maio, a queda de precipitação no litoral e barrocal sul começa a ser um evento raro, e as temperaturas máximas e mínimas abandonam a amenidade primaveril para atingirem valores estivais.
Junho é um mês seco, com precipitações médias inferiores a 10 mm e temperaturas médias que oscilam entre os 16ºC e os 26ºC.
Julho e Agosto são os dois meses mais quentes e secos do ano. A queda de precipitação é um evento pouco frequente, podendo suceder-se vários anos sem que ocorra queda de precipitação durante estes dois meses. As temperaturas médias oscilam entre os 17/19ºC e os 28/30ºC.
Setembro ainda apresenta características estivais bem marcadas. As temperaturas oscilam entre os 16/18ºC e os 26/29ºC. Por vezes, as primeiras chuvas de Outono podem ocorrer no final de Setembro; por esse motivo, a precipitação média deste mês ronda os 15 mm.


Outono
As primeiras chuvas após o Verão, que ocorrem regularmente durante o mês de Outubro, caracterizam o início do Outono. Após a queda das primeiras chuvas, os dias ainda poderão permanecer quentes, mas as noites começam gradualmente a ficar mais frescas. Por vezes, sucedem-se semanas de dias solerengos, banhados por uma luz doce e inconfundível: é o chamado «Verão de São Martinho». Ocasionalmente, as condições estivais prolongam-se durante parte do mês de Outubro.
Em Outubro, as temperaturas oscilam entre os 13/16ºC e os 23/25ºC. As chuvas que caem durante este mês assumem com frequência um carácter torrencial: durante apenas um dia pode ser acumulada uma parte substancial da precipitação total do mês, seguindo-se vários dias de sol e céu limpo. A precipitação média de Outubro ronda os 45/70 mm.
Novembro é o segundo mês mais chuvoso do ano, com uma precipitação média que ronda os 75/90 mm, concentrada geralmente num reduzido número de dias. As temperaturas baixam ligeiramente durante este mês, variando entre os 10/12ºC e os 18/21ºC.



Inverno
O inconfundível Inverno algarvio pode ser resumidamente caracterizado por três adjectivos: curto, chuvoso e suave.
Dezembro é o mês mais chuvoso do ano. Dias tempestuosos, marcados pela chuva intensa e trovoada alternam com dias amenos, solarengos e de céu limpo, óptimos para a práctica de actividades ao ar livre. A precipitação média ronda os 90 a 120 mm, e as temperaturas médias oscilam entre os 8/10ºC e os 16/18ºC.
Janeiro é o mês com temperaturas menos altas do ano: regra geral, estas variam entre os 6/8ºC e os 15/17ºC. A precipitação média ronda os 70/80 mm.
Já em Fevereiro, as temperaturas começam paulatinamente a subir, e no final deste mês as condições primaveris começam a fazer-se sentir. As temperaturas oscilam os 7/9ºC e os 16/18ºC, e a precipitação média ronda os 45 a 70 mm.
Ocasionalmente, durante o Inverno a região algarvia é assolada por curtos períodos mais frios, nos quais as temperaturas mínimas atingem valores próximos dos 0ºC e as máximas não ultrapassam os 10ºC. Contundo, estes eventos meteorológicos são raros.


Economia

Turismo
O turismo consiste na principal actividade económica da região algarvia, que assenta nos lucros da sua oferta um crescimento económico notável. Graças ao tempo apelativo e à melhoria das condições de vida das populações a que se assitiam nas últimas décadas, o Algarve é a única zona do país, a par das grandes áreas urbanas de Lisboa e do Porto, a registar um crescimento da população.
O Aeroporto Internacional de Faro, localizado na capital da região foi inaugurado em 1965, constituiu o grande impulso para a afirmação do Algarve como estância balnear a nível internacional. O Algarve dispõe de belíssimas praias e paisagens naturais, que aliado ao clima temperado mediterrânico a torna a mais turística das províncias de Portugal. Hoje em dia, as ligações rodoviárias fazem com que qualquer ponto do Algarve esteja a menos de uma hora de distância do aeroporto. Actualmente o aeroporto é o segundo mais movimentado de Portugal (atrás do aeroporto da Portela), tendo transportado 5.5 milhões de passageiros no ano de 2007.
A maioria dos turistas vêm de Portugal, Reino Unido, Espanha, Alemanha, Holanda e Irlanda, mas também se regista uma forte presença de franceses e escandinavos.
Destaque para Vilamoura, um dos mais conhecidos complexos turísticos da Europa junto à praia da Falésia (concelho de Loulé), Albufeira, considerada a capital do turismo, e para a Praia da Rocha no concelho de Portimão. Nos últimos anos, a região de Tavira tem se assumido cada vez mais como um importante pólo turístico, graças ao seu valioso património cultural e paisagístico. Já na extremidade do sotavento algarvio, encontramos ainda Monte Gordo, um dos mais antigos pontos de turismo balnear da costa algarvia; a antiga aldeia de pescadores localiza-se já em pleno Golfo de Cádiz, e como tal é banhada pelas águas mais quentes do país: não raras vezes durante a estação estival a temperatura da água do mar atinge os 26ºC.
Embora a grande procura turística se deva primeiramente às praias paradisíacas da região, eventos desportivos dos últimos anos, têm contribuído para um sério acréscimo dessa procura. O campeonato europeu de futebol Euro 2004 que teve três dos seus jogos em Faro, os campeonatos mundiais de voleibol que têm tido lugar em Portimão, campeonatos mundiais de golf e ainda a passagem do maior Rally do mundo, Lisboa-Dakar em 2006 e 2007.
Eventos musicais têm vindo a ganhar peso, nomeadamente o Algarve Summer Festival e o Portimão Air Show - um festival aéreo que teve a sua primeira edição em 2008 e que por iniciativa da cidade de Portimão veio também colorir os céus do Algarve e encher a cidade numa época de pouca procura turística.

Agricultura
O Governo de Lisboa tem incentivado ao fim da agricultura um pouco por todo o lado, mas no Algarve ainda subsistem as produções de frutos secos (figos, amêndoas e alfarrobas), aguardente de medronho e ainda a produção de cortiça. A produção de citrinos tem vindo a descrescer sistematicamente.

Pesca
A industria da pesca vive dias complicados. Esta indústria desempenhou um papel importante na economia do Algarve durante o tempo do Estado Novo, mas nos últimos anos tem-se assistido ao fechar destas fábricas, havendo uma aposta crescente na exploração do pescado junto dos turistas que visitam a região. As cidades mais dedicadas à pesca são Olhão, Tavira, Portimão e Vila Real de Santo António, destacando-se a pesca da Sardinha, do Carapau, do Atum, do Espadarte e dos famosos Chocos que deram origem à famosa receita: choquinhos à algarvia.

Gastronomia
A gastronomia Algarvia remonta aos tempos históricos da presença romana e árabe, constituindo a par do clima da região um dos principais pontos de interesse turístico. Os ingredientes utilizados reflectem os sabores frescos do mar e os aromas agradáveis e fortes do campo.
Desde o famoso "Arroz de Lingueirão" farense, da bela sardinha assada portimonense até aos doces "Dom Rodrigos" de Lagos, encontram-se maravilhas para todos os gostos. A vila de Monchique destaca-se neste capítulo pois é conhecida pela Suinicultura, prova disso são os conhecidos enchidos feitos com carne de porco (molho, morcela de farinha ou farinheira, morcela e chouriça) e presuntos, expostos anualmente na Feira dos Enchidos e na Feira do Presunto, respectivamente. É também vastamente conhecida a aguardente de medronho produzida nesta região, com marca própria, que atrai gente de toda a parte para a saborear. São também procurados os licores feitos com produtos da região.

Extracção mineira
A mina de sal gema, localizada em Loulé surgiu aquando da mutação geológica que resultou na separação entre a Europa e África, que criou o Mar Mediterrânico, há 250 milhões de anos, ainda antes da era Jurássica. A cobertura de uma enorme massa de água salgada pela terra num período relativamente curto resultou no enorme torrão de pelo menos um quilómetro de profundidade que hoje se estende a Leste de Loulé e não se sabe onde acaba. Há quem diga que ramos dessa linha de sal poderão atingir as proximidades de Barcelona, onde há uma jazida semelhante. Com início 90 metros abaixo da superfície – após uma camada de calcário (1 aos 45 metros) e outra de gesso (45 aos 90 metros) -, a mina já foi explorada até aos 313 metros de profundidade, mas as enormes galerias feitas pelo homem situam-se em dois níveis, a 230 e 260 metros de profundidade.
A primeira galeria situa-se 64 metros abaixo do nível do mar. Antes realizada a poder de dinamite, picaretas e martelos pneumáticos, actualmente, a extracção de sal é feita com uma máquina de perfuração a que os trabalhadores chamam "roçadora". Após esse trabalho, os camiões que circulam no interior das galerias (algumas maiores do que um túnel rodoviário comum) levam o minério a uma máquina que o desfaz e leva ao poço de transporte de material, até à superfície. Uma parte significativa da produção é exportada, onde é utilizado sobretudo para o fabrico de descongelante para as estradas europeias. A mina foi descoberta há meio século, graças a um furo realizado numa propriedade em Campinas de Cima.
Actualmente e depois de décadas de aumento na sua produção, a mina louletana está a diminuir a sua produção, contudo, a empresa que procede à sua exploração pretende inserir a mina no roteiro turístico da região algarvia. O sal produzido, mais "salgado" que o utilizado nas cozinhas, não serve para alimentação humana. Para as novas tarefas "terciárias", terão que ser instalados no subsolo, entre 230 e 260 metros de profundidade, equipamentos como uma secção multimédia em que se explique aos visitantes o que é e para que serve a mina. Poderão ainda vir a ser construídas outras infra-estruturas como um restaurante, zonas de vendas baseadas nas pedras de sal (da pedra de sal gema podem ser feitos candeeiros, esculturas e pisa-papéis, por exemplo), além de terem que ser abertos novos poços para instalar elevadores, que substituam as "gaiolas" por onde agora descem e sobem os trabalhadores.

Alentejo Litoral - Actualmente subregião


O Alentejo Litoral é uma subregião estatística portuguesa, parte da Região do Alentejo, dividida entre o Distrito de Setúbal e o Distrito de Beja. Limita a norte com a Península de Setúbal e o Alentejo Central, a leste com o Baixo Alentejo, a sul com o Algarve e a oeste com o Oceano Atlântico. Área: 5 261 km². População (2001): 99 976 (Estimativa para 2005: 97 636). Compreende 5 concelhos:

Alcácer do Sal
Grândola
Odemira
Santiago do Cacém
Sines

Os principais núcleos urbanos são as cidades de Sines e Vila Nova de Santo André (no concelho de Santiago do Cacém) e, com menor importância, Santiago do Cacém e Alcácer do Sal. O litoral para sul de São Torpes (Sines) faz parte do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina

Baixo Alentejo - Actualmente uma subregião

O Baixo Alentejo é uma sub-região estatística portuguesa, parte da Região Alentejo e do Distrito de Beja. Limita a norte com o Alentejo Central, a leste com a Espanha, a sul com o Algarve e a oeste com o Alentejo Litoral. Área: 8505 km². População (2001): 135 105. Compreende 13 concelhos:

Aljustrel
Almodôvar
Alvito
Barrancos
Beja
Castro Verde
Cuba
Ferreira do Alentejo
Mértola
Moura
Ourique
Serpa
Vidigueira

Beja,Moura e Serpa possuem a categoria de cidades.

Baixo Alentejo (1936-1976)

O Baixo Alentejo é uma antiga província (ou região natural) portuguesa, formalmente instituída por uma reforma administrativa havida em 1936. No entanto, as províncias nunca tiveram qualquer atribuição prática, e desapareceram do vocabulário administrativo (ainda que não do vocabulário quotidiano dos portugueses) com a entrada em vigor da Constituição de 1976.



Fazia fronteira a Norte com o Alto Alentejo, no extremo Noroeste com a Estremadura, a Oeste com o Oceano Atlântico, a Sul com o Algarve e a Este com a Espanha (província de Badajoz, na Estremadura, e de Huelva, na Andaluzia).

Era então constituído por 18 concelhos, integrando todo o distrito de Beja e ainda a metade Sul do distrito de Setúbal. Tinha a sua sede na cidade de Beja.

Distrito de Beja: Aljustrel, Almodôvar, Alvito, Barrancos, Beja, Castro Verde, Cuba, Ferreira do Alentejo, Mértola, Moura, Odemira, Ourique, Serpa, Vidigueira.

Distrito de Setúbal: Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém, Sines.
Actualmente, o seu território reparte-se pelas subregiões alentejanas do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral.

20 novembro, 2009

Ibn Ammâr (1031-1086)

Versão popular:
O poeta, cortesão e político Ibn Ammâr nasceu em Xanbras (actualmente a vila de São Brás de Alportel), mas foi registado na capital regional, Xilb (actualmente a cidade de Silves). Ibn Ammar (1031-1086) tornou-se primeiro-ministro da taifa de Sevilha. Ele era de origens pobres e pouco conhecido, e a sua habilidade na poesia atraiu o jovem Abbad III al-Mu'tamid, que o nomeou primeiro-ministro algum tempo após a morte do seu pai Abbad II al-Mu'tadid. Ibn Ammar era conhecido por ser invencível a jogar xadrez; de acordo com Abdelwahid al-Marrakushi, a sua vitória num jogo convenceu Afonso VI de Castela a abandonar Sevilha. Ibn Ammâr planeou a anexação de Múrcia ao reino de Sevilha, convencendo Al-Mutamid a nomeá-lo seu governador. Rapidamente proclamou-se a si próprio como rei e cortou relações com Al-Mutamid. Caiu do poder rapidamente, sendo capturado numa emboscada e aprisionado em Sevillha. Al-Mutamid tendeu inicialmente para o seu perdão, mas ficou mais tarde indignado por algo que leu numa carta interceptada enviada por Ibn Ammar da sua cela. Foi o próprio rei a matar o poeta.


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Fonte: A. Fernandes, A. Khawli, L. Fraga
A VIAGEM DE IBN AMMÂR DE SÃO BRÁS A SILVES

http://arkeotavira.com/Estudos/texto-ibn-ammar-finalR.pdf




O século de Ibn Ammâr
Ibn Ammâr nasceu em 1031, o mesmo ano em que o califado Omíada do al-Andalus foi definitivamente abolido e que marca o início dos reinos independentes das Taifas (1031-1095). As causas desta fragmentação remontam aos anos 1009-1013, quando Córdova, a capital do al-Andalus, foi palco de uma guerra civil fomentada pelas lutas pelo poder entre diferentes candidatos omíadas e seus respectivos apoiantes.
Classificada de nefasta pelos autores árabes nostálgicos do califado, esta fase de descentralização foi, no entanto, positiva para as regiões periféricas do al-Andalus, como é o caso do Algarve, onde se notou uma nítida evolução económica, social e cultural.
A cidade de Silves destacou-se pelo seu rápido desenvolvimento, que lhe permitiu suplantar desde o século XI a antiga Ocxûnuba, tornando-se a capital da região do Algarve. É de notar o surgimento de Loulé e Tavira, elevadas à categoria de cidade no século XII, com os seus respectivos distritos agrícolas, muralhas e mesquitas catedrais.
Os dois principados autónomos fundados no Algarve são:
O dos Banû Hârûn, em Faro, representados por Abû Utmân Saîd (1016-1042) e Muhammad Ibn Saîd (1042-1053), vindos da zona de Mérida, que reinaram sobre a região de Sotavento;
Em Silves, sucederam-se diversos chefes antes da tomada do poder pela família dos Banû Muzein: Abû al-Asbagh Îsâ (1048-1053), Muhammad Annâcer (1053-1058) e Îsâ (1058-1063).
Al-Mutadid Ibn Abbâd, rei da poderosa Taifa de Sevilha, acabou por pôr fim aos dois reinos independentes do Algarve: Faro em 1053 e Silves em 1063.


Nascimento e vida
Abû Bacr Muhammad Ibn Ammâr nasceu na aldeia de São Brás (Xannabûs) em 441 / 1031.
Era filho de al-Hussein, o pai, e de Xumaysa ou Xams (Sol), a mãe. Da sua genealogia pouco longa, o que não é habitual para quem se arroga de origem tribal (nisba)árabe, nomeadamente a dos Mahr, denota-se a sua procedência muladî. Nasceu no seio de uma família muito pobre, mas a sua inteligência e persistência levaram-no ao topo da hierarquia social. No entanto, a ambição desmesurada fê-lo cair no nível mais baixo da pequenez: preso e leiloado, antes de ser assassinado pelo seu melhor amigo!
A aventura de Ibn ‘Ammâr começou quando abandonou São Brás, a sua terra natal, apenas com uma dezena de anos de idade, rumo à cidade de Silves, logo depois de ter acabado a memorização do Alcorão na escola corânica da sua pequena aldeia. Estudou na grande mesquita de Xilb antes de rumar para Córdova, a capital intelectual do al-Andalus. Aí ouviu cursos de direito, de gramática e de língua árabe, mas ficou apaixonado pela poesia. Na sua época, este ramo literário era o mais apreciado pelos jovens da aristocracia urbana, que versejavam por mera diversão. Mas Ibn ‘Ammâr, pobre como era, procurava através dela o seu sustento. Assim, viajou por várias cidades do al-Andalus em busca de mecenas para os seus panegíricos, os quais raramente lhe saciavam a fome, apesar da sua qualidade.
Em 1053, o destino levou-o até à corte do rei de Sevilha, al-Mu’tadid Ibn ‘Abbâd, que apreciou os seus panegíricos e não hesitou em recompensá-lo pelo justo valor. Passou, desde então, a fazer parte da elite da corte com larga remuneração. Conheceu o príncipe al- Mu’tamid a quem acompanhou anos mais tarde (1063) para Silves, então conquistada, que passou a governar. As divertidas noitadas, bem regadas de vinho e celebradas com música e donzelas pelos dois companheiros, no palácio das Varandas, alertaram o já desconfiado al- Mu’tadid. Este, na tentativa de evitar a má influência do poeta algarvio sobre o seu filho al- Mu’tamid, nomeado entretanto príncipe herdeiro, baniu Ibn ‘Ammâr do reino de Sevilha,afastando-o do príncipe.
Em 1069, após uma longa estadia em Saragoça, Ibn ‘Ammâr é chamado pelo seu amigo, recém coroado rei de Sevilha. Foi nomeado governador de Silves por poucos anos, antes de voltar para o lado do seu amigo íntimo. Na qualidade de grande vizir, teve um papel importante na governação do reino: era ele quem chefiava as tropas, quer para novas conquistas quer na aplicação de estratégias de defesa. Tudo isto ainda com disponibilidade em tempo para animar a corte do seu amigo, o rei poeta al-Mu’tamid.
Em 1078, Abû Bacr conquistou Múrcia e, em vez de voltar para junto do seu rei para celebrar o triunfo, proclamou-se independente. Mas, pouco depois, foi ele próprio traído e expulso de Múrcia, sem honra nem tesouro. Bateu, em vão, às portas de diversos palácios e solicitou auxílio aos velhos amigos: só al-Mamûn de Saragoça lhe abriu os braços. Voltou à traição, o seu jogo favorito, mas acabou numa prisão do castelo de Segura. Daí foi reconduzido até Sevilha, algemado em cima de um burro, como ordenara al-Mu’tamid, seu comprador. De nada lhe serviram as mil e umas desculpas, em emocionantes versos. Em 1084, o próprio al-Mu’tamid o assassinou.

Reino do Algarve (1242-1910)


O Reino do Algarve, foi um antigo reino que existiu na região do Algarve, em Portugal entre 1242-1910.

História
O Algarve (do árabe "al-Gharb al-Ândaluz", al-Gharb, «o Ocidente»; do "al-Andaluz"), foi considerado, durante séculos, e até à proclamação da República Portuguesa em 5 de Outubro de 1910, como o segundo reino da Coroa Portuguesa — um reino de jure separado de Portugal, ainda que de facto não dispusesse de instituições, foros ou privilégios próprios, nem sequer autonomia — na prática, era apenas um título honorífico sobre uma região/comarca que em nada se diferenciava do resto de Portugal.
Note-se, porém, que nunca nenhum rei português foi coroado ou saudado como sendo apenas "Rei do Algarve" — no momento da sagração, era aclamado como "Rei de Portugal e do Algarve" (até 1471), e mais tarde como "Rei de Portugal e dos Algarves" (a partir de 1471).


Primeira conquista
O título de "Rei do Algarve" foi pela primeira vez utilizado por Sancho I de Portugal, aquando da primeira conquista de Silves, em 1189. Silves era apenas uma cidade do império almóada, posto que nesta altura todo o Andaluz se achava unificado sob o seu domínio. Assim, D. Sancho usou alternadamente nos seus diplomas as fórmulas "Rei de Portugal e de Silves", ou "Rei de Portugal e do Algarve"; excepcionalmente, conjugou os três títulos no de "Rei de Portugal, de Silves e do Algarve".
O único motivo que pode justificar esta nova intitulação régia prende-se com a tradição peninsular, de agregar ao título do monarca o das conquistas efectuadas (assim, por exemplo, os Reis de Leão e Castela eram também "Reis de Toledo, de Sevilha, etc.").
Com a reconquista muçulmana de Silves, em 1191, o rei cessou de usar este título.


Reconquista
O império almóada viria a desagregar-se na Hispânia em 1234, dissolvendo-se em vários pequenos emiratos, as taifas. O Sul de Portugal ainda em mãos muçulmanas ficou anexado à taifa de Niebla, na moderna Espanha; o seu emir, Musa ibn Mohammad ibn Nassir ibn Mahfuz, proclamou-se pouco tempo mais tarde "Rei do Algarve" (amir al-Gharb), posto que o seu Estado compreendia, de facto, a região mais ocidental do Andaluz muçulmano.
Ao mesmo tempo, as conquistas portuguesas e castelhanas para o Sul prosseguiam. Em reinado de D. Sancho II conquistaram-se as derradeiras praças alentejanas e ainda a maior parte do Algarve moderno, na margem direita do rio Guadiana; à data da sua deposição e posterior abdicação, restavam do Algarve muçulmano apenas pequenos enclaves em Aljezur, Faro, Loulé e Albufeira, os quais, devido à descontinuidade territorial e à distância que os separava de Niebla, se tornaram independentes do seu domínio.
Arco do Repouso nas Muralhas de Faro, onde terá repousado (de acordo com uma lenda) D. Afonso III no "fim" da ReconquistaAssim sendo, de facto, Sancho II de Portugal afigurar-se-ia como o segundo rei português a poder usar o título de rei do Algarve, na esteira de seu avô — o que provavelmente só não fez devido às suas outras preocupações internas, designadamente a guerra civil que o opôs ao seu irmão, o conde de Bolonha e infante Afonso.
Com efeito, foi este que, subido ao trono em 1248, se encarregou da conquista dos derradeiros enclaves mouriscos no Algarve, assumindo em 1249 o título de "Rei de Portugal e do Algarve", que não mais deixaria de ser utilizado pelos seus sucessores até ao fim da monarquia em Portugal.
O rei de Niebla e emir do Algarve, para obstar às conquistas perpetradas pelos Portugueses nos seus territórios, fez-se vassalo de Afonso X de Castela (o qual passou por isso também a usar o título de Rei do Algarve entre as suas múltiplas conquistas), cedendo-lhe o domínio do Algarve português. Assim, muito provavelmente, a intitulação de Afonso III de Portugal serviria como reacção a esta tomada de posição pelo vizinho castelhano, destinando-se a fortalecer os direitos do monarca português sobre a região em causa (pois que, como já foi dito, à intitulação e ao estatuto de reino não correspondia nem foros nem privilégios nem autonomia própria).
A questão acabou por ser dirimida entre os soberanos de Castela e de Portugal, pelo tratado de Badajoz de 1267; o rei Afonso X desistia das suas pretensões sobre o antigo Gharb al-Ândalus, fazendo do seu neto D. Dinis o herdeiro do trono do Algarve, o que ditava a sua incorporação a prazo na coroa portuguesa. Reservava, porém, a utilização do título por si e pelos seus descendentes, dado ter adquirido em 1262 os restos do reino de Niebla/Algarve, situados já além do Odiana – os demais reis de Castela, e depois da Espanha, até à subida ao trono da rainha Isabel II (1833), continuaram a usá-lo entre os seus diversos títulos.


Além-mar
Em Portugal, o nome do reino algarvio (e o título régio, por consequência), sofreram algumas pequenas mudanças oficiais com as conquistas norte-africanas, cujo território era considerado o prolongamento natural do reino do Algarve. Assim, João I de Portugal acrescentou à sua intitulação de "Rei de Portugal e do Algarve", o nome de "Senhor de Ceuta"; seu neto Afonso V, por sua vez, chamou-se sucessivamente "Senhor de Ceuta e de Alcácer-Ceguer em África" (após 1458), e em 1471, com a conquista de Arzila, Tânger e Larache, reuniu as praças norte-africanas no título de "Algarve d’além-mar em África", ficando o Algarve europeu a ser o "Algarve d’aquém-mar".
Assim, foi só em 1471 é que o "Reino do Algarve" deu lugar ao "Reino dos Algarves", devido à elevação dos senhorios norte-africanos da coroa portuguesa à condição de reino. Os reis de Portugal adoptaram por conseguinte o título que viriam a usar até à queda da Monarquia: "Reis de Portugal e dos Algarves d’aquém e d’além-mar em África" — isto mesmo depois o abandono da última praça marroquina em mãos portuguesas (Mazagão, em 1769).


Conflitos novecentistas
No Século XIX, graves confrontos entre Liberais e Absolutistas, causaram o êxodo da Serra Algarvia para as cidades do litoral. Desde ai, poucas pessoas mantêm as profissões tradicionais, e muito se perdeu desde então. José Joaquim de Sousa Reis (o Remexido), célebre guerrilheiro, combateu na serra e, atacando cidades do Litoral, manteve a população citadina em alvoroço, intensificando-se nos anos entre 1834 e 1838, cujas batalhas trouxeram ao Algarve dramas nunca antes vistos. Em 26 de Novembro de 1836, D. Miguel nomeia Remexido como "Governador do Reino do Algarve" e "Comandante em Chefe Interino de Todas as Tropas Realistas, Regulares e Irregulares do Exército de Operações do Sul", no entanto, viria a ser fuzilado em Faro, no dia 2 de Agosto de 1838.